terça-feira, 10 de setembro de 2013

Câmera de celular vai ajudar na busca de vida extraterrestre

Imagens vão orientar a exploração da paisagem por sondas robóticas sem a necessidade de intervenção humana

Os pesquisadores testaram a tecnologia em paisagens terrestres, como o deserto de Utah, nos Estados Unidos

(Veja) Pesquisadores alemães transformaram uma simples câmera de telefone celular em ferramenta de busca por evidências de vida em paisagens áridas e aparentemente desabitadas. O aparelho recebeu o nome de Astrobiólogo Ciborgue e poderá ser usado em futuras sondas espaciais, para procurar por sinais de vida extraterrestre. A tecnologia foi apresentada nesta segunda-feira no Congresso Europeu de Ciência Planetária.

Os cientistas da Universidade Livre de Berlim, na Alemanha, trabalham há mais de uma década na criação de novas técnicas que possam dar mais autonomia às sondas robóticas enviadas a outros planetas. A intenção da equipe é que elas possam vasculhar as paisagens locais e escolher os pontos mais interessantes para realizar investigações geológicas e biológicas sem a necessidade da intervenção humana.

Em sua versão atual, o Astrobiólogo Ciborgue usa uma câmera de celular para tirar fotos de suas imediações e enviá-las, via Bluetooth, a um computador portátil. A máquina processa as imagens em busca de cores e texturas características, e comunica de volta ao celular o grau de semelhança entre a paisagem e imagens anteriores armazenados em seu banco de dados.

"O nosso sistema começou como uma grande câmera em um tripé, acoplada a um computador. Ao longo dos anos ele foi diminuindo e agora é composto por apenas um smartphone e um laptop. Estamos trabalhando para colocar tudo isso em apenas um celular — e, eventualmente, em uma sonda espacial”, diz Patrick McGuire, pesquisador da Universidade Livre de Berlim que comanda o desenvolvimento da tecnologia.

Em busca da vida — As sondas atualmente empregadas pelos astrônomos para explorar Marte dependem da orientação dos cientistas para escolher quais áreas do planeta devem receber uma análise mais detalhada. Mas o atraso na transmissão e recepção dos comandos terrestres pode consumir entre 4 e 24 minutos, dependendo das posições da Terra e de Marte. O processo ganharia velocidade se os robôs fossem capazes de identificar na paisagem cores e texturas criadas por processos geoquímicos ou biológicos — que possam ser um sinal de vida passada ou presente no planeta.

O sistema Astrobiólogo Cyborg foi testado pelos pesquisadores na Terra, em locais que simulam as condições encontradas em Marte, fotografando falésias de gesso, arenitos vermelhos, calcários e argilitos. Algumas das pedras analisadas estavam parcialmente cobertas com líquen, uma forma de vida que poderia ser semelhante à existente em outros planetas.

Segundo os pesquisadores, a comparação das paisagens com imagens no banco de dados do computador foi bem-sucedida. "Em nossos testes mais recentes, realizados em uma antiga mina de carvão, as semelhanças encontradas pelo computador estiveram de acordo com o julgamento de geólogos durante 91% do tempo. A detecção de novidades no terreno também funcionou bem, embora o sistema tenha tido alguns problemas na hora de diferenciar formações semelhantes em cor, mas diferentes em textura — como o líquen amarelo e o carvão manchado de enxofre. No entanto, para um primeiro teste, a técnica parece muito promissora", disse McGuire.

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