segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Espectrógrafo Muse chega ao Chile para vasculhar o espaço


(AFP/Info) Encontrar galáxias longínquas, jovens estrelas e buracos negros com uma precisão inédita: esta é a missão do Muse, um equipamento astronômico único no mundo, fabricado perto de Lyon (centro da França), que será instalado no Chile, no deserto do Atacama.

"O objetivo é ir mais longe e sondar o universo mais profundo, a mais de 13 bilhões de anos-luz", resumiu Roland Bacon, diretor de pesquisas do Centro Nacional de Pesquisas Científicas (CNRS) e chefe do projeto Muse (Multi Unit Spectroscopic Explorer).

O Muse é um espectrógrafo integral de campo, uma tecnologia nuncautilizada nesta escala. Foi fabricado durante mais de dez anos no Observatório de Lyon por um consórcio de sete laboratórios de França, Alemanha, Suíça e Holanda.

Ventilado, resfriado com nitrogênio líquido e preservado dequalquer contaminação, o equipamento com quatro metros de altura, rodeado por tubos, agora aguarda para ser levado ao Chile.

Depois de dois meses de desmontagem, a partir de meados de setembro, seguirá de avião até Santiago e, em seguida, será levado de caminhão rumo ao deserto do Atacama, no norte do país.

Ali será instalado no Very Large Telescope (VLT), do Observatório Europeu Austral (ESO).

"O VLT fornece o objeto e nós construímos a câmera fotográfica", explica, usando uma metáfora Ghauti Hansali, professor da Escola Nacional de Engenharia de Saint Etienne (França), que trabalha neste projeto juntamente com cientistas e engenheiros.

O céu do Atacama, de grande pureza, oferece aos cientistas 350 noites observáveis por ano. Mas só um espectrógrafo pode analisar a luz coletada pelas quatro grandes lentes do VLT.

Esta decomposição por comprimento de onda é crucial para estudarsobretudo as galáxias mais longínquas, pequenas e muito pouco luminosas vistas da Terra, com a esperança de esclarecer sua História.

Para responder às perguntas de quando surgiram as galáxias, qualo impacto dos buracos negros em galáxias próximas e como nascem estrelas e cometas, Muse disponibilizará capacidades inéditas, em três dimensões: registrará o espaço com uma resolução maior e, sobretudo, com amplitude de campo superior ao de um espectrógrafo clássico.

No centro do aparelho há um "fragmentador de campo", formado por montões de micro-lentes de vidro que fragmentam a imagem para enviá-la a 24 sistemas similares, que dividem cada parte em 48, gerando 1.152 espectros de uma mesma observação.

Muse permite obter uma cobertura completa de uma região do céu, explica Florence Laurent, do CNRS, cuja tese permitiu elaborar este instrumento com uma empresa da região, Winlight Optics.

Depois da "fase em que se sonha e a fase em que se põe em obra", falta a etapa decisiva, "a fase de observação" nas montanhas chilenas, 2.653 metros de altitude, reforçou Roland Bacon.

Integrado ao VLT, Muse estará disponível aos cientistas do mundo todo.
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