quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Saiba como escolher um telescópio para ver o "cometa do século"



(Folha) São raras as pessoas que não gostam de olhar para o céu à noite. Menos numerosas são aquelas que querem dar o próximo passo e comprar um telescópio. Uma motivação extra para isso em tempos recentes é a iminente passagem do cometa Ison, que está a caminho de sua máxima aproximação do Sol em 28 de novembro e deve aumentar de brilho nas próximas semanas.

Embora o comportamento do Ison ainda seja incerto --assim como o potencial de observações dele--, quem se arrisca a comprar um telescópio e se esforça para dominá-lo, ganha como prêmio a oportunidade de ver coisas que estiveram escondidas dos olhos da humanidade durante a maior parte de sua existência.

Uma pequena lista do que Galileu Galilei conseguiu descobrir em 1610, ao apontar sua recém-construída luneta com de apenas 30 vezes para o céu, é de encorajar.

Ele observou que Vênus tinha fases, como as da Lua, que nosso satélite natural era cheio de crateras e montanhas, que Júpiter tinha quatro luas e que Saturno tinha um formato bizarro, como se tivesse duas orelhas (mais tarde outros descobriram que eram os famosos aneis).

Não se limitando ao Sistema Solar, Galileu também constatou que a Via Láctea era composta por inumeráveis estrelas.

Tudo isso --e muito mais-- se torna acessível a quem tem um telescópio. Contudo, também seja melhor começar por algo mais modesto.

PONTO DE PARTIDA
"O item inicial na vida de um observador iniciante é um bom binóculo", afirma o astrônomo amador Denis Zoqbi, radialista e presidente do Clube de Astronomia de Sâo Paulo (Casp).
Esse instrumento, caracterizado pela facilidade de apontamento e manuseio, é ótimo para familiarizar o usuário com o céu.

Outro instrumento de apoio importante é o planisfério celeste _um "mapa" das estrelas. A cada época do ano, um dado conjunto de estrelas está visível durante a noite, e isso também varia de acordo com a posição do observador no globo terrestre.

"Atualmente pode-se usar programas gratuitos de computador, baixados da internet mesmo", afirma Zoqbi, recomendando o Stellarium (http://www.stellarium.org/pt/), que projeta mapas do céu realistas, ou seja, similares ao que o observador vê de fato.

Uma vez familiarizado com o céu, o aspirante a astrônomo amador começa a correr atrás do seu telescópio. E é mais complicado do que parece, pois não há fabricantes nacionais (salvo os artesanais).

Os já iniciados costumam recomendar compras ligadas a marcas estrangeiras já consagradas, como Vixen, Celestron e SkyWatcher. Elas têm representantes e vendedores no país.

Para os telescópios, há duas opções básicas, os refratores (lunetas ao estilo de Galileu, com lentes) e os refletores (que usam espelhos). Os primeiros são mais fáceis de lidar, os últimos são mais poderosos.

"Um refrator de 900 mm de distância focal e 60 mm de abertura é mais do que a maioria das pessoas vai precisar na vida", comenta Cassio Leandro Barbosa, astrônomo que coordena o Observatório da Univap (Universidade do Vale do Paraíba).

Os refletores são mais indicados a quem já tem mais experiência, pois em geral são mais difíceis de manejar.

Embora muita coisa possa ser observada por telescópios de fundo de quintal, o astrônomo profissional alerta para duas coisas. Em primeiro lugar, não adianta o instrumento ser bom se o céu é ruim.

"Se o cara mora em São Paulo, não vai adiantar nada ter um telescópio de 30 cm. A poluição luminosa vai apagar objetos menos brilhantes", firma Barbosa.

O caso do cometa Ison é emblemático. "Eu acredito que, por enquanto, ninguém vai vê-lo dentro de cidades grandes", afirma o astrônomo. "Eu estou para tentar no nosso observatório, mas não espero muito, pois o leste é superbrilhante lá."

O que leva ao segundo ponto importante: ninguém pode comprar um telescópio esperando ver cenas como as captadas pelo Hubble ou mesmo pelos observatórios terrestres profissionais.

Telescópios domésticos podem dar boas imagens de algumas nebulosas, como a de Órion, ou de aglomerados de estrelas, como as Plêiades, mas a grande vedete serão os planetas e a Lua (veja quadro).

E um aspecto curioso: a melhor época para observar é o inverno. "No verão, a gente olha para 'fora' da galáxia, tem pouca coisa para ver", diz Barbosa. "No inverno, a gente está de frente para o plano dela, cheio de objetos para apontar."
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Matéria com infográfico aqui

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