quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Brasil e Argentina vão construir telescópio em parceria

(Folha/Diário do Sudoeste) Uma ideia nascida em um encontro científico de astronomia resultou, cinco anos depois, em um festejado acordo entre Brasil e Argentina para a construção de um novo telescópio.

O projeto representa uma oportunidade única para astrônomos brasileiros, que hoje têm de disputar outras antenas com cientistas do mundo todo.

O Llama (sigla em inglês para Arranjo Milimétrico Latino-americano), como foi batizado, será construído a 5.000 metros de altitude em San Antonio de los Cobres, no norte da Argentina, a 200 quilômetros do Alma (Chile), o maior observatório astronômico do mundo.

Assim como o Alma, o Llama vai operar na faixa de frequência mais altas de ondas de rádio -que não são absorvidas pela poeira interestelar e, portanto, permite que o observador possa enxergar mais longe, até a borda do universo. Atualmente poucos observatórios no mundo operam nessa frequência.

A proximidade entre os dois é outro diferencial, porque permitirá a observação em rede de um mesmo fenômeno com mais detalhes.

No Alma, a possibilidade de cooperação também é vista com bons olhos. O diretor do observatório, Thijs de Graauw reconheceu a iniciativa como uma ótima oportunidade para o próprio projeto e para que pesquisadores brasileiros e argentinos participem das pesquisas no Alma.

Segundo uma das coordenadoras do projeto, Zulema Abraham, foram necessários muitos anos, um workshop científico, visitas a outros telescópios e o aval dos dois governos e de cientistas estrangeiros para que a proposta fosse aprovada, no ano passado.

Pelo acordo, o Brasil ficará responsável pela construção da antena -cujo orçamento estimado em 6 milhões de euros será financiado pela Fapesp- enquanto o país vizinho cederá o local e fornecerá a infraestrutura necessária, como obras viárias e fornecimento de energia, com um investimento equivalente.

Segundo Abraham, após a assinatura do convênio, que deve ocorrer nos próximos meses, a expectativa é que o telescópio esteja pronto em cerca de dois anos e meio.

"Já era hora de Brasil e Argentina estreitarem seus laços. Se for inviável para um país construir sozinho um equipamento de última geração, é necessária uma união", afirma o astrônomo Pedro Beakilini, pós-doutorando da USP envolvido no projeto.

Do lado argentino, a expectativa também é grande. "O Llama é um sonho transformado em realidade. Não foi fácil, mas fizemos um bom trabalho com os colegas brasileiros. Pessoalmente, é uma grande responsabilidade e um enorme orgulho poder contribuir para melhorar as condições de investigação astronômica para as gerações atuais e futuras de ambos os países" ressaltou Marcelo Arnal, responsável pelo projeto no país vizinho.

Ao que tudo indica, a construção desse novo telescópio em terras argentinas promete colocar ambos os países em um lugar de maior importância em um contexto internacional. O céu, nesse caso, não é o limite.

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