segunda-feira, 22 de abril de 2013

O meteorito de Chelyabinsk e um telescópio japonês

O meteorito de Chelyabinsk que explodiu no céu sobre a região dos Urais em 15 de fevereiro inspirou cientistas japoneses a criarem um “telescópio de guarda” especial. O maior telescópio do mundo permitirá identificar a presença no espaço de pequenos corpos, antes de eles atingirem a Terra.



(Voz da Rússia) Representantes da Agência de Exploração Aeroespacial do Japão anunciaram o trabalho sobre o telescópio numa reunião com os cientistas da Universidade Estatal de Chelyabinsk.

Os japoneses vieram a Chelyabinsk para descobrir detalhes sobre o meteorito e coletar materiais para um programa internacional de proteção meteorito. A equipe de pesquisa conta com a presença do gerente do projeto de lançamento do aparelho de pesquisa Hayabusa 2, Makoto Yoshikawa, e do presidente da Associação Japonesa de Segurança Espacial, Takahashi Noritsugu. A porta-voz da Universidade Estatal de Chelyabinsk Olga Schapina nota:

“Os cientistas japoneses encontraram-se com os nossos pesquisadores, analisaram a coleção de fragmentos do meteorito, visitaram o lago Chebarkul onde, presumivelmente, caiu o meteorito. É lhes importante determinar a trajetória de seu voo e a área da queda. Para isso, é necessário determinar de que tamanho era o meteorito. Estes estudos destinam-se a acelerar a criação de um telescópio especial. Nele serão investidos mais de 32 milhões de dólares. Agora todos se deram conta de que o perigo de meteoritos existe, e de que a escala de destruição poderia ter sido maior. A propósito, os cientistas japoneses ofereceram-nos um novo livro – “Colisão com um meteorito”. E nele, vários capítulos são dedicados ao meteorito de Chelyabinsk.”

Os japoneses não são os únicos cientistas estrangeiros que visitaram Chelyabinsk recentemente por causa da queda do meteorito. Um pouco antes dos pesquisadores japoneses aos Urais veio um especialista da NASA.

O meteorito de Chelyabinsk está atualmente sendo estudado simultaneamente por vários grupos de cientistas, tanto russos como estrangeiros. Entre eles está a equipe do professor da Universidade Estatal de Chelyabinsk Alexander Dudorov. O astrofísico teve uma sorte incrível: ele viu com seus próprios olhos a explosão no céu sobre Chelyabinsk e a queda do meteorito. Baseando-se em suas observações, bem como no estudo dos fragmentos, que continuam sendo encontrados na região de Chelyabinsk, ele conseguiu desvendar parte do mistério do extraterrestre. Por exemplo, o fato de que o bólide tem a mesma idade da Terra, 4,5 bilhões de anos:

“Atualmente, a nossa coleção tem cerca de 400 fragmentos de diferentes lugares de queda. O maior fragmento foi nos mandado por um habitante da cidade de Korkino, um pouco menos de um quilo. Processamos vários vídeos – o momento da explosão foi muito bem captado pela câmara regular, instalada na praça central da cidade.”

O meteorito de Chelyabinsk, de cuja queda sofreram cerca de 1.500 moradores da área – a onda de choque da explosão partiu vidros nas janelas e até mesmo derrubou o muro de uma fábrica de zinco, – ainda tem muitos mistérios por desvendar. Os cientistas estimaram o seu peso em 10.000 toneladas, mas sugeriram que ao entrar na atmosfera ele se desintegrou, de modo que apenas 10 toneladas de material de meteorito caíram na superfície no chão. Por enquanto, foram encontrados cerca de 60 quilos de fragmentos.

Se o local da explosão já é conhecido, o lugar onde caiu o maior fragmento do meteorito ainda está por descobrir. Ou melhor, ele não pode ser identificado com precisão: um furo de 8 metros no gelo do lago Chebarkul e funis no seu fundo indicam inequivocavelmente que há que procurar ali. Mas os mergulhadores ainda desceram à água apenas uma vez e não conseguiram encontrar nada: há demasiado lodo lá.

Quanto à composição química, os cientistas brincam entre si referido-se ao meteorito de Chelyabinsk como “vinagrete” – são tão diferentes umas das outras suas várias partes. Químicos identificaram nos fragmentos 19 elementos da tabela periódica, incluindo ferro, níquel, potássio, sódio e zinco.

No ano seguinte, quando forem coletadas mais informações, Chelyabinsk vai organizar uma conferência internacional dedicada ao meteorito de Chelyabinsk. Entretanto, já estão sendo filmados documentários sobre esse fenômeno único. Um deles, filmado pela NHK, vai sair em breve no Japão.

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