segunda-feira, 18 de março de 2013

ESO espera por adesão definitiva do Brasil em cerca de 6 meses

Brasil assinou entrada em grupo internacional de astronomia em 2010. Assunto ainda precisa ser aprovado pelo Congresso Nacional.



(G1) O diretor do Observatório Europeu do Sul, o holandês Tim de Zeeuw, disse em entrevista ao G1 que espera que o Brasil aprove definitivamente sua entrada neste grupo internacional de astronomia em cerca de 6 meses. Em 2010, o então ministro brasileiro da Ciência e Tecnologia, Sergio Rezende, assinou o contrato de adesão, mas o processo ainda precisa ser aprovado pelo Congresso Nacional.

De Zeeuw disse ter informação de que o assunto está no Congresso, e espera que em meio ano tenha sido aprovado, para que empresas brasileiras tenham o direito de executar obras do novo telescópio E-ELT (sigla em inglês para Telescópio Europeu Extremamente Grande), um equipamento de grande porte a ser instalado no norte do Chile.

“Se o Brasil demorar mais 10 anos... em algum ponto, o que vamos fazer?”, disse de Zeeuw, quando questionado sobre se há o risco de o Brasil ficar de fora do grupo de pesquisa.

“Serão abertas licitações que vão correr entre 6 e 10 meses. Até seu término, seria útil que o Brasil tivesse ratificado, pois assim não haverá questionamento, caso alguma empresa brasileira ganhe um contrato”, explicou. “Realmente gostaria de vê-lo ratificado em cerca de 6 meses. Daí estaria bem. De outro modo, começa a complicar. E vocês começam a perder oportunidades para sua indústria. É algo que não ajuda ninguém”, acrescentou o diretor do ESO.

O ESO tem diferentes instalações para observações astronômicas. Na última semana, foi inaugurado o Alma, um conjunto de 66 antenas capazes de captar radiação de objetos frios no espaço.

O próximo grande projeto é o E-ELT. Os países-membros têm o direito de inscrever projetos de pesquisa para uso dos equipamentos, mas estes têm de ser aprovados por uma comissão. Deste modo, cada integrante corre o risco de ter menos tempo de uso dos telescópios do que proporcionalmente vale sua contribuição financeira.

De Zeeuw destaca que os astrônomos brasileiros já têm abertura para inscrições e tiveram índice de sucesso similar ao de outros países. “O ESO está fazendo astronomia, construindo grandes telescópios para fazer grandes questionamentos sobre o universo, que interessam a sociedade. E há uma parceria que é realmente muito boa. (...) É melhor competir, como no futebol e nos jogos olímpicos. Voce treina, você compete, e você faz melhor”, defendeu.

E, apesar de não estar na ponta da tecnologia de observação astronômica, o país tem oportunidades de negócios na contrução de novos observatórios, segundo o diretor. Ele explica que a gama licitações é muito variada, incluindo “serviços muito básicos, como preparar o topo da montanha para o E-ELT”. “As companhias brasileiras podem mover terra tão bem quanto as empresas chilenas ou europeias. Também vamos ter contratos para a cúpula do E-ELT. É uma estrutura de aço que o Brasil pode construir. Vocês têm indústrias que podem fazer isso”, afirma.

Um comentário:

  1. Eu gostaria de ser tão otimista quanto o diretor do ESO. Entretanto, o Brasil é um pais complicado, que se recusa a levantar a cabeça e pensar grande. Uma pequena parcela de nossa comunidade astronômica não foge a esta regra. Este é um fator que dificulta a ratificação do acordo. Enquanto isso, a poucos quilômetros de onde moro, um estádio de futebol para o Copa do Mundo (da FIFA(C)!) esta quase pronto. O custo para sua construção é da mesma ordem do que o pais gastaria em 10 anos de participação no ESO.

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