terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Um telescópio no espaço

"O telescópio Hubble fez algo parecido, possibilitando-nos enxergar mais longe. Desta vez, no entanto, bem mais longe do que imaginávamos."



(Victor Alencar - O Povo) Hoje em dia, é quase natural vermos belas imagens de corpos celestes estampadas em jornais, revistas e internet. Imagens incríveis, de formas abstratas e com uma riqueza enorme de detalhes. Riqueza tão grande, que nos faz pensar o porquê de tantos detalhes. Talvez não sejamos capazes de distinguir que galáxia ou nebulosa é essa estampada. Mas um palpite, quase certeiro, arriscamos: “essa é uma foto do Hubble!”.

O Telescópio Espacial Hubble, ou apenas Hubble, como o chamamos no dia a dia, pode ser considerado um marco na astronomia moderna, revelando para a humanidade uma visão do Universo antes jamais vista. É como se tivéssemos colocado as mãos em uma “luneta de Galileu” pela segunda vez. Quando Galileu apontou sua luneta para os mares, ela possibilitou que se enxergasse além do horizonte e fosse possível avistar navios de guerra chegando, antes mesmo que estes aparecessem a olho nu. O telescópio Hubble fez algo parecido, possibilitando-nos enxergar mais longe. Desta vez, no entanto, bem mais longe do que imaginávamos.

A homenagem
O nome de batismo do telescópio espacial veio em homenagem a Edwin Powell Hubble, um astrônomo estadunidense que resolveu um impasse da sua época, quando determinou que alguns objetos, até então chamados de nebulosas, eram na verdade galáxias e estavam fora da Via Láctea. Além disso, ele percebeu que as galáxias se afastavam mais rapidamente uma das outras com o aumentar da distância entre elas. Essa conclusão sobre a velocidade e distância entre as galáxias foi de extrema importância, pois essa é a prova de que o Universo está se expandindo.

Um telescópio no céu
Imagine uma carreta. Essa é uma boa estimativa de tamanho para o telescópio espacial Hubble, que contem um tubo com sensores, espelho de 2,4 metros de diâmetro e dois grandes painéis solares nas laterais capazes de armazenar a mesma quantidade de energia que 20 baterias de carros. Observando por esse lado, o telescópio Hubble é bem menor do que muitos telescópios terrestres, como os telescópios do Observatório Keck, que possuem espelhos com 10 metros de diâmetro.

Mas se é possível criar observatórios aqui na Terra com lentes muito maiores, então qual é a razão de enviar um telescópio para o espaço? Essa é a pergunta que vem à nossa mente sempre, até por que o Hubble custou cerca de 2 bilhões de dólares. A resposta é simples: a atmosfera. A camada atmosférica é uma parte bastante complicada de se lidar, pois ela interfere diretamente na imagem, de forma que um telescópio menor no espaço (sem atmosfera) faz um trabalho melhor do que um telescópio maior aqui na Terra, justamente pela atmosfera (apesar disso, atualmente são usadas várias técnicas para superar a atmosfera terrestre, como a ótica adaptativa e outras).

Da ideia ao lançamento
Apesar de só ter sido lançado em 24 de abril de 1990, o Hubble foi pensado pela primeira vez muitos anos atrás. Em 1946, o astrônomo Lyman Spitzer escreveu um artigo sobre as vantagens de se ter um telescópio espacial. Desde esse artigo, a ideia de se ser telescópios espaciais foi crescendo. Nos anos 60, a Nasa lançou alguns telescópios espaciais e, ao mesmo tempo, as outras agências científicas seguiram no mesmo rumo, até que, em 1968, a Nasa decidiu construir um grande telescópio espacial, que teria o seu lançamento previsto para 1979. Depois de muitos contratempos, atrasos e complicações orçamentárias, finalmente o Hubble foi lançado.

Cadê os óculos?
Depois de lançado, posto em órbita, e ter suas baterias carregadas, o Hubble foi apontado para sua primeira foto do céu e, adivinhem, a imagem saiu borrada. Várias regulagens depois, a imagem continuava borrada. O telescópio que havia custado quase 2 bilhões de dólares estava com um problema nas lentes, um defeito de fabricação e que precisava ser consertado. Para isso, foi desenvolvido um sistema de lentes para colocá-lo necessitando de mais uma missão de reparo. Ao todo, o Hubble teve cinco missões de reparo/manutenção, sendo a última em maio de 2009. Tudo isso para que ele continuasse observando o Cosmos para nós.

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