(Duília de Mello - O Globo) Semana passada saiu um video muito engraçado que agora virou moda na internet, o Hubble Gotchu. Sei que o vídeo é em inglês e tem um tom muito americano, mas como foi gravado na Nasa e conheço bem alguns dos participantes vou colocar o link aqui para quem souber inglês, quiser saber mais sobre o próximo projeto da Nasa, o James Webb Space Telescope (JWST) e ainda rir um pouco. O cantor Milky J se diz fanático pelo Hubble e sabe tudo sobre o telescópio. O termo Gotchu é uma gíria que inventaram para dizer que o “Hubble te pegou” (se alguém souber alguma gíria moderna brasileira, deixe um comentário, please). O Milky J foi ao show do comediante Jimmy Fallon novamente mas desta vez para protestar contra o JWST e mostrou o vídeo que fez na Nasa. Hilariante!
Aproveito também para passar um texto que escrevi no ano passado sobre o JWST e que saiu na revista Ciência e Cultura em parceria com a Profa. Claudia Mendes de Oliveira da USP.
O JWST irá de uma certa forma substituir o Hubble, que será desativado quando o JWST for lançado. Mas eles são bem diferentes tecnologicamente falando, então não é uma substituição em termos observacionais mas sim administrativos. A Nasa e a Agência espacial européia (ESA) vão operar o JWST e deixar o HST como sucata espacial até decidirem como e quando desativá-lo e direcioná-lo para impacto com a atmosfera terrestre. O JWST ficará a 1,5 milhőes de km da Terra, enquanto Hubble fica a apenas 570 km de altitude. O JWST precisa ficar a esta distância porque os instrumentos infravermelhos funcionam a baixas temperaturas e perto do Sol é quente. O JWST não terá visitas de astronautas como o Hubble tem e ficará em operação por 5 anos, enquanto o Hubble deverá ultrapassar os 23 anos. O JWST observará a luz infravermelha (0,6 a 28 microns - a faixa visível da luz equivale a 0,5 microns), enquanto o Hubble observa a luz ultravioleta, óptica e uma pequena parte da luz infravermelha (0,1 a 2,5 microns). Mas a grande vantagem do JWST é o tamanho. Ele terá 6,5 metros de diâmetro, enquanto o Hubble tem apenas 2,5m. E, neste caso, tamanho é documento! Com uma área coletora maior, mais fótons são detectados e mais longe se pode observar. Os detectores infravermelhos do JWST serão bem mais modernos do que a câmera infravermelha, NICMOS, do Hubble, além de que ele terá poderosos espectrógrafos para decompor a luz.
O espelho do JWST é 2 duas vezes e meio maior do que o do Hubble e por isso consegue observar galáxias mais distantes. Mas apesar de maior, ele pesa apenas a metade do peso do Hubble e é segmentado. Cada um dos 18 segmentos tem 1,3m de diâmetro e é controlado da Terra. Os espelhos do James Webb são feito de berílio, um material mais leve, mais forte e mais estável que o vidro.
O JWST terá 3 câmeras infravermelhas, parecidas com as câmeras digitais CCDs, mas sensíveis ao infravermelho. Uma delas produzirá imagens infravermelhas, uma outra produzirá espectros, e uma terceira é um sensor de guiagem fina.
Como o calor do Sol pode facilmente atrapalhar a observação da luz infravermelha, a solução foi colocar uma capa protetora de 5 camadas do tamanho de uma quadra de tênis. As capas são revestidas de alumínio e de silício e refletirão a luz solar protegendo o telescópio dos raios solares. Além disto, as 5 camadas vão minimizar as chances de um micrometeoróide atingir o telescópio. O lançamento do JWST está previsto para 2014.
O artigo completo sobre os maiores desafios da astronomia moderna está aqui:
http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?pid=S0009-67252009000400009&script=sci_arttext
VIDEO do Hubble Gotchu:
segunda-feira, 16 de agosto de 2010
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