segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Brasil e Argentina constroem radiotelescópio grande para estudar Via Láctea


(Voz da Rússia) O Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da Universidade de São Paulo (USP), junto com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), assinou um convênio de radioastronomia com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação Produtiva da Argentina (MINCYT), para a construção conjunta de um radiotelescópio.

De acordo com o site da USP, o radiotelescópio, que terá o nome de LLAMA (Conjunto Milimétrico Grande Latino-Americano, pela sigla em inglês – que também significa alpaca, animal característico andino) terá antena de 12 metros de diâmetro, o que irá facilitar a detecção de ondas milimétricas e submilimétricas.

Segundo as estimativas, o radiotelescópio brasileiro-argentino irá entrar em funcionamento em 2017.

A antena será instalada nos Andes, cerca da cidade de San Antonio de los Cobres, a 5 mil metros de altura. A Fapesp dará 10 milhões de dólares para a antena, que será construída pela empresa alemã Vertex Antennentechnik.

Já o observatório ficará em uma região de cerca de 3.800 metros de altura. O objetivo final é observar remotamente, enviando os dados a São Paulo.

Entre as linhas de pesquisa que o Instituto pretende desenvolver, está o estudo de jatos de matéria que os objetos espaciais emitem. O professor Jacques Lépine, coordenador brasileiro do projeto, por exemplo, tem interesse em descrever a estrutura da Via Láctea e conhecer sua geografia e a configuração de seus braços espirais – o que é difícil de fazer com telescópios ópticos. Isso porque nos encontramos dentro desta galáxia, e assim as estruturas ficam sobrepostas.

O LLAMA irá de certo modo competir com o já famoso ALMA (Conjunto Milimétrico e Submilimétrico Grande de Atacama, pela sigla em inglês), projeto conjunto entre o Japão, o Canadá, a União Europeia, os EUA e mais países, do qual o Brasil e a Argentina não participam. O ALMA está situado do lado chileno dos Andes.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Última chance para o Brasil escapar de mico astronômico


(Cesar Baima - O Globo) Na semana passada, duas instituições europeias ligadas ao espaço tomaram decisões importantes que afetam direta ou indiretamente o Brasil. Em reuniões de seus conselhos, o Observatório Europeu do Sul (ESO) deu sinal verde para o início da construção da parte civil do supertelescópio E-ELT, que será o maior do tipo no mundo, enquanto a Agência Espacial Europeia (ESA) aprovou o desenvolvimento do Ariane 6, nova versão de seu foguete lançador.

E o que o Brasil tem a ver com tudo isso? Bem, no caso do ESO, como já discuti anteriormente aqui e aqui no blog, o país assinou acordo para integrar o consórcio astronômico no fim de 2010, no apagar das luzes do segundo mandato de Lula, mas até hoje, quase 4 anos depois, ainda não ratificou sua adesão. É um investimento alto, de cerca de 270 milhões de euros ao longo de dez anos entre a “taxa de adesão” e contribuições anuais, mas que poderia ser em grande parte recuperado com a participação de empresas brasileiras na construção do E-ELT, projeto orçado em cerca de 1 bilhão de euros. Uma boa proporção destes gastos será justamente para erguer o enorme domo do telescópio, cujo contrato o conselho do ESO prevê assinar até o fim do ano que vem, no que será talvez a última chance real de o Brasil recuperar o investimento na entrada no consórcio.

Para isso, no entanto, é preciso que o Brasil, mais precisamente o Congresso Nacional, ratifique a adesão ao ESO. O problema é que, em um cenário de cortes nos gastos públicos e outras prioridades, o Executivo não pressiona pela votação, e sem isso o processo continua parado no Legislativo. Além disso, desde a assinatura do acordo os astrônomos brasileiros competem em igualdade de condições com os outros integrantes do consórcio para uso dos telescópios atualmente em operação, entre eles o VLT, um dos mais avançados do mundo. Isso, porém, também significa que o Brasil já deve ao ESO os valores referentes a estes quase 4 anos de contribuições, que não podem ser pagas, ou cobradas, devido justamente à demora na ratificação. É ou não um mico de proporções astronômicas?

Já a decisão da ESA ilustra outra grande dificuldade do Brasil na área, o passo de cágado com que caminha o programa espacial brasileiro. Temos em Alcântara, no Maranhão, um dos locais mais privilegiados do mundo para o lançamento de foguetes, mas até agora nenhum partiu desta base. Nos anos 90, o país assinou com a Ucrânia um acordo para montar uma empresa conjunta de lançamentos comerciais com base no foguete ucraniano Cyclone 4 que até agora não saiu do papel.

Neste meio tempo, a Ucrânia afundou em um conflito interno que cada vez mais desanda em direção a uma guerra civil, enquanto empresas americanas, com apoio da Nasa, desenvolveram sistemas bem mais baratos para fazer o serviço. A decisão da ESA de investir no Ariane 6 é uma resposta direta principalmente à SpaceX e seu foguete Falcon, e embora a agência europeia saiba que não vai conseguir em termos de custos com a empresa americana, ela sabe a importância de manter sua autonomia no acesso ao espaço, como atesta a própria Nasa e sua atual dependência dos russos para enviar seus astronautas para a a Estação Espacial Internacional (ISS).

Por aqui, contudo, isso permanece um sonho distante. Atualmente, o acordo com a Ucrânia é objeto de análise de comissão formada por representantes dos ministérios da Ciência, Tecnologia e Inovação, Defesa e Relações Exteriores, cuja conclusão é incerta. Como nunca decolou, não deverá ser agora, com a Ucrânia à beira de uma guerra civil, que vá decolar. Já no campo nacional, o projeto do Veículo Lançador de Satélites (VLS) depende de verbas que nunca são suficientes.

O espaço não é para amadores, como ficou claramente demonstrado pela tragédia de agosto de 2003, quando uma explosão durante teste do VLS matou 21 pessoas, entre elas alguns dos principais cérebros que trabalhavam na sua construção. Sem investimentos, muito conhecimento e trabalho, periga o/a (insira aqui o nome do país mais pobre que lembrar) conseguir lançar um foguete antes do Brasil...

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Nova infraestrutura de pesquisa para astrofísica de partículas na América do Sul


(Agência FAPESP)  A comunidade de pesquisa em Astrofísica de Partículas na América do Sul espera receber nos próximos anos importantes reforços de infraestrutura para a realização de experimentos nessa área interdisciplinar, voltada a estudar raios cósmicos de ultra-alta energia – as partículas subatômicas mais energéticas conhecidas na atualidade, de origem ainda incerta.

O maior observatório de raios cósmicos do mundo, o Observatório Pierre Auger – instalado na província de Mendoza, na Argentina, e com participação do Brasil financiada pela FAPESP e por outras agências de fomento –, deve passar por um programa de atualização até 2018.

Já em 2015 também será feita a escolha do país-sede, no hemisfério Sul, do Cherenkov Telescope Array (CTA) – que deverá ser o maior observatório do mundo dedicado ao estudo de corpos celestes que emitem radiação gama, de mais alta energia.

Além disso, está sendo discutida a construção do Agua Negra Deep-Underground Experiments Site (Andes) – o primeiro laboratório subterrâneo da América Latina, projetado para ser construído anexo a um túnel previsto para ser escavado na fronteira andina entre Argentina e Chile, para realização de experimentos em diversas áreas, incluindo a Astrofísica de Partículas.

“A comunidade de Astrofísica de Partículas na América do Sul está passando atualmente por uma fase muito importante e excitante em razão da expectativa de concretização desses projetos”, disse Luiz Vitor de Souza Filho, professor do Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da Universidade de São Paulo (USP), à Agência FAPESP.

A fim de discutir as perspectivas desses projetos de infraestrutura para a área na América do Sul, Souza Filho e um grupo de cem pesquisadores de diversos países reuniram-se em novembro no Instituto de Física da USP, durante o 3rd Astroparticle Physics Workshop: The future in South America.

“O objetivo do evento foi reunir a comunidade internacional de pesquisadores em Astrofísica de Partículas para começarmos a planejar o futuro dos experimentos na área de uma forma mais organizada”, disse Souza Filho, que foi um dos organizadores do encontro.

“O momento é propício para tentarmos criar um plano de investimentos e de pesquisa, levando em conta questões científicas importantes que podemos responder com a construção desses projetos”, afirmou.

Plano de atualização
Entre essas questões, segundo o professor, estão a origem dos raios cósmicos de ultra-alta energia e o tipo de partículas subatômicas que chegam à Terra com energias macroscópicas da ordem de 10 elevado a 18 (um bilhão de bilhões) elétron-volts (eV).

O Observatório Pierre Auger permitiu observar nos últimos 10 anos dezenas de raios cósmicos acima de 10 elevado a 20 eV e foi muito bem-sucedido nesse propósito, avaliaram os pesquisadores presentes no encontro.

Os resultados obtidos pela colaboração Auger, porém, ainda não permitem identificar totalmente as fontes desses raios cósmicos de energia ultra-alta.

“Medimos várias propriedades dos raios cósmicos, mas ainda não conseguimos localizar a fonte ou fontes deles. E não sabemos exatamente se as partículas que chegam à Terra são puramente prótons ou núcleos atômicos mais pesados, ou ainda uma mistura deles”, afirmou.

De acordo com pesquisadores da área, um dos desafios para identificar a fonte e a composição dessas partículas vindas do espaço é que elas são medidas de forma indireta.

Quando uma partícula cósmica ultraenergética atinge a atmosfera terrestre, ela colide com um núcleo do ar, produzindo novas partículas que, por sua vez, também colidem e interagem, em um efeito multiplicativo em cascata, formando um chuveiro atmosférico extenso, constituído de um bilhão de partículas ou mais.

O Observatório Auger estuda os raios cósmicos ultraenergéticos que chegam até a Terra medindo esses chuveiros atmosféricos extensos produzidos por eles na atmosfera.

A expectativa é que o programa de atualização pelo qual o Observatório Auger deve passar permita responder a essas questões ao melhorar consideravelmente a resolução dos detectores de partículas do observatório.

“A atualização permitirá a medição de diferentes tipos de partículas e com maior precisão”, estimou Souza Filho.

Atualmente, várias propostas de atualização do Observatório Auger estão sendo avaliadas internamente por um comitê de físicos. Todas elas têm como foco melhorar a resolução da composição dos raios cósmicos.

Cada uma das várias propostas envolve uma técnica diferente para a identificação de múons – partículas subatômicas ultraenergéticas presentes nos chuveiros atmosféricos – e requer combinações diferentes de novos produtos eletrônicos, novos detectores e modificações internas nos 1,6 mil detectores do observatório.

Espalhados por uma área de 3 mil km2, em uma região plana ao lado dos Andes, os detectores são tanques de polietileno, preenchidos com 12 mil litros de água purificada e instrumentalizados com sensores fotomultiplicadores.

Quando as partículas de um chuveiro atmosférico atravessam a água no interior do tanque é emitida luz que pode ser medida nos sensores.

Antenas acopladas ao tanque transmitem os dados via rádio para a sede do observatório em Malargüe, na Argentina, de onde são enviados para análise de cerca de 450 pesquisadores em outros pontos do mundo.

As propostas de atualização do observatório preveem a adição de novos detectores de múons nos chuveiros identificados. Para isso, seriam necessárias mudanças em todos os detectores existentes, a um custo estimado de US$ 15 milhões.

Para avaliar se realmente funcionam, estão sendo testados protótipos dos sistemas de detecção de múons propostos.

“No início de 2015, uma das propostas deverá ser escolhida. Esperamos que seja possível instalar em breve os novos detectores e operá-los até, no mínimo, 2023”, disse à Agência FAPESPCarola Dobrigkeit Chinellato, professora do Instituto de Física Gleb Wataghin (IFGW) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e que preside a Comissão de Publicações do Pierre Auger.

A professora também participou, como representante da FAPESP, de um encontro da Comissão de Finanças do Observatório Auger, que reuniu as agências de fomento dos 18 países membros da Colaboração para a prestação de contas anual. A reunião ocorreu no dia 15 de novembro na sede da FAPESP, em São Paulo.

CTA
No início de 2015 também será escolhido o país-sede no hemisfério Sul do CTA – consórcio internacional formado por 28 países, entre eles o Brasil – que pretende construir, até 2020, o maior observatório astronômico do mundo dedicado ao estudo de objetos astrofísicos que emitem raios gama.

O observatório contará com cerca de 100 telescópios que serão instalados em dois lugares distintos, um no hemisfério Sul e outro no Norte.

No hemisfério Sul, os países candidatos a sediar o observatório são o Chile e a Argentina, na América Latina, e a Namíbia, na África, disse Souza Filho, um dos pesquisadores brasileiros participantes do projeto (leia mais em http://agencia.fapesp.br/maior_observatorio_de_astronomia_gama_tera_participacao_brasileira/16674/).

Segundo ele, a ideia inicial é construir um conjunto de sete telescópios – que formarão um arranjo embrionário do observatório, denominado CTA Mini-Array – em torno do qual o restante do observatório será posteriormente construído.

Dos sete primeiros telescópios três serão construídos pelo Brasil no âmbito de um Projeto Temático apoiado pela FAPESP.

O primeiro deles entrou em fase de testes em Catania, na Itália, no fim de setembro (leia mais em http://revistapesquisa.fapesp.br/2014/10/07/prototipo-de-telescopio-para-observacao-de-raios-gama-sera-testado-na-italia/).

“A meta é testar inicialmente esse pequeno conjunto de telescópios, obter os primeiros dados científicos e, a partir disso, avançar até atingir uma centena de telescópios”, disse Souza Filho.

Durante o workshop na USP, Werner Hofmann, porta-voz do projeto e pesquisador do Max-Plack-Institut für Kernphysik, na Alemanha, disse que dificilmente o CTA deixará de vir para a América do Sul.

Projeto Andes
Outra iniciativa de pesquisa em Astrofísica de Partículas na América do Sul em discussão é a construção do laboratório subterrâneo profundo Andes.

A ideia da comunidade de pesquisa é fazê-lo anexo a um túnel de 14 quilômetros de extensão que Argentina e Chile pretendem escavar sob a Cordilheira dos Andes, para facilitar o acesso dos países da América do Sul ao Oceano Pacífico e, dessa forma, exportar mais facilmente para a Ásia.

O projeto do laboratório subterrâneo prevê a instalação de diversos equipamentos para estudos em diferentes áreas, como de um grande detector capaz de identificar neutrinos de baixa energia e geoneutrinos – neutrinos produzidos pela decomposição de produtos radioativos na Terra, como potássio, urânio e tório, que se estima tenham grande relevância no balanço de calor da Terra.

O túnel seria o lugar propício para a medição dessas partículas, avaliam os pesquisadores da área.

“O Andes possibilitaria a realização de experimentos, em diferentes áreas, que necessitam de baixo nível de radiação, como medições de matéria escura e de neutrino”, explicou Souza Filho.

Até o momento, apenas Argentina, Brasil, México e Chile têm se empenhado no projeto, que busca adesão de outros países.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Sinal verde para a construção do E-ELT


(ESO) Numa reunião recente o órgão dirigente do ESO, o Conselho, deu [1] sinal verde para a construção do European Extremely Large Telescope (E-ELT) em duas fases. Foi autorizada a atribuição de cerca de um bilhão de euros para a primeira fase, o que cobrirá os custos de construção de um telescópio completamente operacional com uma série de poderosos instrumentos e com a primeira luz prevista para daqui a dez anos. O telescópio permitirá fazer enormes descobertas científicas em áreas tão variadas como exoplanetas, composição estelar de galáxias próximas e Universo profundo. O maior contrato ESO, para a construção da cúpula do telescópio e da estrutura principal, será atribuído durante o próximo ano.

O E-ELT será um telescópio ótico e infravermelho de 39 metros, que irá ser colocado no Cerro Armazones no deserto chileno do Atacama, a 20 quilômetros de distância do Very Large Telescope do ESO, situado no Cerro Paranal. O E-ELT será o “maior olho do mundo virado para o céu”.

“A decisão tomada pelo Conselho significa que o telescópio pode agora ser construído e que o enorme trabalho de construção industrial para o E-ELT está financiado e pode prosseguir conforme planejado. Existe já algum progresso no Chile, no topo do Armazones, e os próximos anos serão muito excitantes”, disse Tim de Zeeuw, Diretor Geral do ESO.

A construção do E-ELT foi aprovada pelo Conselho do ESO em junho de 2012 com a condição de que contratos com valores maiores que 2 milhões de euros apenas seriam aprovados quando o valor total do telescópio (1083 milhões de euros em 2012) estivesse financiado a 90%. Foi concedida uma exceção para as obras de construção civil no local, que tiveram início com a cerimônia de detonamento do topo da montanha em junho de 2014 e progridem muito bem.

Para já, 10% do custo total do projeto foi transferido para uma segunda fase. Com a adesão da Polônia ao ESO, os fundos atualmente atribuídos ao E-ELT atingem mais de 90% do custo total da primeira fase, com a qual teremos um telescópio completamente operacional. Espera-se que fundos adicionais fiquem disponíveis vindos do Estado Membro vindouro, o Brasil, nos próximos anos.

Para impedir que o projeto começasse a desaparecer, o Conselho do ESO decidiu avançar com a construção da primeira fase do telescópio de 39 metros. O trabalho financiado inclui o contrato para a cúpula do telescópio e estrutura principal - o maior contrato na história do ESO - que será atribuído no final de 2015 e levará à construção de um E-ELT completamente operacional.

Os componentes do telescópio que não estão ainda financiados incluem partes do sistema de ótica adaptativa, algum trabalho nos instrumentos, os cinco anéis mais internos de segmentos do espelho principal do telescópio (210 segmentos de espelho) e um conjunto sobresselente de segmentos do espelho primário, necessários para uma operação mais eficiente do telescópio no futuro. A construção destes componentes, cujo adiamento não reduz de modo algum as conquistas científicas extraordinárias que o telescópio poderá já alcançar no final da primeira fase, irá sendo aprovada à medida que fundos adicionais se tornarem disponíveis, incluindo os fundos que se prevêem vir do Estado Membro vindouro, o Brasil.

Para mais informações queira consultar estas FAQ e este artigo do Messenger que explica todos os detalhes.

“Os fundos agora atribuídos permitirão a construção de um E-ELT completamente operacional, o qual será o mais poderoso de todos os projetos de telescópios extremamente grandes planejados atualmente, com área coletora de radiação e instrumentação muito superiores. O telescópio permitirá a caracterização de exoplanetas com a massa da Terra, o estudo de populações estelares resolvidas em galáxias próximas, assim como observações muito sensíveis do Universo profundo”, conclui Tim de Zeeuw.

Notas
[1] A decisão necessitava de dez votos positivos (dentre 14). Onze votos positivos foram obtidos. Três dos quatorze votos são ad referendum, o que significa que estes votos são considerados positivos de maneira provisória, estando sujeitos a confirmação pelas autoridades destes três Estados Membros, antes da próxima reunião do Conselho.
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Matérias similares na ExameUOLCiência 2.0Público - Portugal e Correio Braziliense
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E mais:
Adivinhem qual país (ainda) está empacando a construção do maior telescópio do mundo (Meio Bit)

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Satélite Swift comemora 10 anos


(Astronomia On Line - Portugal) Durante a última década, o observatório espacial Swift da NASA tem provado ser uma das missões astrofísicas mais versáteis de sempre. Continua a ser o único satélite capaz de localizar com precisão explosões de raios-gama - as explosões mais poderosas do Universo - e de monitorizá-las através de uma ampla gama de comprimentos de onda antes de desaparecerem de vista.

"Swift" (português para "rápido", "veloz" ou "repentino") não é apenas um nome - é um recurso básico, uma parte do ADN do observatório. Os GRBs (gamma-ray bursts, em inglês) geralmente duram menos de um minuto e o Swift detecta cerca de dois eventos por semana. Assim que o Swift observa um GRB, automaticamente determina a localização da explosão, transmite a posição para a comunidade astronómica e, em seguida, volta-se para o local a fim de investigar com os seus próprios telescópios sensíveis.

"Este processo pode demorar no mínimo 40 segundos, tão rápido que por vezes apanhamos apenas o fim do próprio GRB," afirma John Nousek, director de operações da missão e professor de astrofísica da Universidade Penn State, em University Park, no estado americano da Pennsylvania. "Dado que o Swift responde autonomamente a súbitas explosões de radiação altamente energética, também nos fornece dados sobre uma ampla gama de eventos de curta duração, como explosões de raios-X de estrelas e de outros objectos."




Até à data, o Swift detectou mais de 900 GRBs. As suas descobertas incluem uma nova classe ultra-longa, cujas emissões de alta energia duram horas; o GRB mais longínquo, cuja luz viajou mais de 13 mil milhões de anos até chegar até nós; e o GRB a "olho nu", que por cerca de um minuto foi brilhante o suficiente para ser observado à vista desarmada apesar de estar a 7,5 mil milhões de anos-luz de distância. No início da missão, as observações do Swift forneceram a "arma fumegante" que validou os modelos teóricos de longa-data que sugeriam que os GRBs com durações inferiores a dois segundos vinham de fusões de duas estrelas de neutrões, objectos com a massa do Sol esmagados até ao tamanho de uma cidade.

Além dos seus estudos de GRBs, o Swift realiza uma ampla gama de observações de outros fenómenos astrofísicos. Um sistema flexível de planeamento permite com que os astrónomos solicitem observações "alvo-de-oportunidade", que podem ser comandadas a partir do solo em menos de 10 minutos, ou a criação de programas de monitoramento para observar fontes específicas em intervalos de tempo que variam entre minutos e meses. O sistema pode programar até 75 alvos independentes por dia.

"Estas características fazem do Swift um pioneiro num campo em expansão que chamamos de astronomia no 'domínio do tempo'," afirma Neil Gehrels, investigador principal da missão no Centro de Voo Espacial Goddard da NASA em Greenbelt, Maryland, EUA. "Assim como estendemos a astronomia telescópica desde o visível até outros comprimentos de onda, estamos agora começando a estudar como as propriedades dos objectos astronómicos mudam ao longo de uma ampla gama de escalas de tempo, de menos de um segundo até décadas."

Alguns projectos requerem anos de observações, como a monitorização a longo prazo do centro da nossa Galáxia - e do seu buraco negro supermassivo dormente - com o telescópio de raios-X do Swift. Os astrónomos também estão a usar o instrumento BAT (Burst Alert Telescope) para realizar uma pesquisa contínua de mais de 700 galáxias activas, onde monstruosos buracos negros devoram grandes quantidades de gás e brilham intensamente em raios-X e raios-gama.



Os projectos de curto prazo incluem observações para mapear as galáxias mais próximas no ultravioleta. O objecto mais exigente foi a Grande Nuvem de Magalhães, uma pequena galáxia satélite da Via Láctea a uma distância de aproximadamente 163.000 anos-luz. O instrumento UVOT (Ultraviolet/Optical Telescope) do Swift capturou 2200 "instantâneos" para cobrir a galáxia, produzindo a melhor imagem de sempre no ultravioleta. "O UVOT é o único telescópio que pode produzir pesquisas de campo-largo e de alta-resolução no ultravioleta," afirma Michael Siegel, que lidera a equipa do instrumento na Penn State.

Em 10 anos de operação, o Swift fez 315.000 observações individuais de 26.000 alvos separados, apoiando quase 6200 pedidos de "alvo-de-oportunidade" por mais de 1500 cientistas. As suas observações vão desde os estudos ópticos e ultravioletas dos cometas e asteróides até à captura de raios-X e raios-gama de alguns dos objectos mais distantes do Universo.

Outro grande destaque dos estudos do Swift, entre cerca de 300 supernovas, foi a descoberta, em 2008, de sinais de raios-X produzidos por uma estrela apanhada no acto de explodir. As ondas de choque romperam a superfície da estrela moribunda e produziram um flash brilhante.

O Swift foi lançado para órbita no dia 20 de Novembro de 2004 e irá continuar o seu trabalho científico altamente produtivo até, pelo menos, 2016.

terça-feira, 25 de novembro de 2014

Novo sistema de monitoramento do espaço entrará em serviço em dezembro

Forças de Defesa Aeroespacial concluíram os testes do sistema optoeletrônico Oknó. Expectativa é que equipamentos modernos potencializem a detecção de objetos espaciais em órbitas elevadas, além de ajudar no processamento de dados.


(Gazeta Russa) Depois de passar por uma atualização, o sistema optoeletrônico Oknó entrará em serviço nas forças militares a partir de 1º de dezembro. No total, quatro novas estações optoeletrônicas serão acrescentadas à estrutura já existente, com o objetivo de registrar e coletar dados em um banco de informações sobre o espaço.

De acordo com o coronel Aleksêi Zolotpúkhin, porta-voz das Forças de Defesa Aeroespacial do Ministério da Defesa, o sistema aperfeiçoado “vai potencializar a detecção de objetos espaciais em órbitas elevadas, além de ajudar no processamento de dados e aumentar a taxa de transferência do Oknó”.

A instalação de um equipamento de detecção de última geração, combinado com recursos de computação nacionais, também eliminará a dependência de componentes estrangeiros. Até então, objetos que se encontrassem em órbitas elevadas não eram detectados pelos radares nacionais.

No entanto, a versão atualizada do Oknó será capaz de detectar e monitorar objetos espaciais no intervalo de 2.000 a 40.000 km de altitude (até às órbitas geoestacionárias). A eficácia do sistema também se deve à sua capacidade para trabalhar em regime automático, sem operadores, transmitindo informações sobre novos objetos em tempo real.

A varredura do céu será realizada com telescópios óticos e análise simultânea das informações recebidas por sistemas de informática, que filtram as estrelas conforme os parâmetros de velocidade, luminosidade e trajetória. Os demais dados são retirados da equação, monitorados e registrados, mantendo os parâmetros das órbitas dos satélites. Atualmente, o banco de dados do Oknó guarda informação de 9.000 objetos espaciais.

Até 2018 serão implantados mais de 10 desses novos sistemas de observação do Espaço. Os primeiros deles serão construídos nas regiões de Altaí e Primórie.

Visibilidade
A escolha do local para a instalação do sistema optoeletrônico nas montanhas de Sanglok, a 2.200 metros acima do nível do mar, não foi por caso. Como o céu nessa região jamais fica nublado, isso torna a observação do espaço cósmico muito eficaz.

“Sem dúvida que, pelo número de horas de noites sem nuvens, Nurek [no Tadjiquistão, onde está baseado o sistema] pode ser considerado um dos melhores lugares do mundo. Na Rússia, não existem locais como esse”, diz Nikolai Nestetchuk, diretor do Centro de Controle Espacial.

Apesar de o Oknó estar operando desde 2002, a questão em torno da propriedade do sistema só foi resolvida em 2004, durante a visita de Vladímir Pútin ao Tadjiquistão. Em 2005, após procedimentos jurídicos, o complexo do sistema Oknó passou a ser propriedade da Rússia.