quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Proposta "segunda luz" do Kepler


(Astronomia On Line - Portugal) Achava que o Telescópio Kepler da NASA já estava reformado? Pense novamente. O Telescópio Espacial Kepler pode em breve retomar a sua pesquisa do céu.

Um novo conceito de missão, baptizado K2, retomaria a busca do Kepler por outros mundos, e introduziria novas oportunidades para observar aglomerados estelares, estrelas jovens e velhas, galáxias activas e supernovas.

Em Maio, o Kepler perdeu a segunda de quatro rodas de reacção, semelhantes a giroscópios, usadas para apontar a nave com precisão, terminando assim a recolha de dados da missão original. O telescópio precisa de três rodas de reacção em pleno funcionamento para manter a precisão necessária para detectar o sinal de exoplanetas pequenos, planetas para lá do nosso Sistema Solar em órbita de estrelas como o Sol, no que é conhecido como a zona habitável - a gama de distâncias de uma estrela onde a temperatura à superfície de um planeta pode ser adequada à existência de água líquida.

Com o falhanço da segunda roda de reacção, o telescópio não pode apontar com precisão para o campo de vista da missão. O culpado não é outro senão o nosso próprio Sol.

O próprio corpo que fornece energia ao Kepler também empurra a nave devido à pressão exercida quando os fotões de luz solar a atingem. Sem uma terceira roda de reacção para ajudar a contrariar a pressão solar, as capacidades ultra-precisas do telescópio não podem ser controladas em todas as direcções.

No entanto, os engenheiros do Kepler e da Ball Aerospace desenvolveram uma forma inovadora de recuperar estabilidade ao manobrar a nave para que a pressão solar seja distribuída uniformemente em todas as superfícies.

Para atingir este nível de estabilidade, a orientação do Kepler tem que ser quase paralela ao seu percurso orbital em redor do Sol, que está ligeiramente deslocado da eclíptica, o plano orbital da Terra. O plano da eclíptica define a banda do céu em que se encontram as constelações do zodíaco.

Esta técnica de usar o Sol como a "terceira roda" para controlar a pontaria do Kepler está sendo testada no telescópio e já foram obtidos os primeiros resultados. Durante um teste de desempenho no final de Outubro, foi capturada uma imagem do campo de visão completo do telescópio mostrando parte da constelação de Sagitário.

Os fotões de luz de um campo estelar distante foram recolhidos ao longo de um período de 30 minutos e produziram uma qualidade de imagem correspondente a 5% da qualidade de imagem da missão principal, que usou as quatro rodas de reacção para controlar a estabilidade. Ao longo dos próximos dias e semanas vão decorrer testes adicionais para demonstrar a capacidade de manter este nível de controlo.

O telescópio precisa manter a sua estabilidade durante longos períodos de tempo, de modo a capturar a assinatura reveladora de um planeta distante à medida que atravessa a face da sua estrela-mãe e bloqueia temporariamente uma fracção da luz recolhida.

"Esta imagem da 'segunda luz' do telescópio fornece um primeiro passo bem-sucedido num processo que pode ainda resultar em novas observações e descobertas pelo Kepler," afirma Charlie Sobeck, vice-gerente do projecto Kepler, no Centro de Pesquisa Ames da NASA em Moffett, Field, no estado americano da Califórnia.

O conceito da missão K2 foi apresentado na sede da NASA e será revisto ainda no final deste ano, juntamente com uma proposta de orçamento.

A missão original do Kepler, cujo processamento de dados está ainda em andamento, era a de determinar a percentagem de estrelas como o Sol que albergam planetas pequenos com tamanho e temperatura semelhantes à da Terra. Durante quatro anos, o telescópio espacial monitorizou simultaneamente e continuamente o brilho de mais de 150.000 estrelas, registando uma medição a cada 30 minutos.

Mais de um ano de dados recolhidos pelo Kepler permanecem ainda por ser totalmente revistos e analisados.

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