sexta-feira, 19 de abril de 2013

Telescópio privado irá catalogar asteroides perigosos

O primeiro telescópio espacial privado Sentinel, destinado a detetar asteroides, será lançado em 2017. O montante necessário de 450 milhões de dólares está sendo recolhido pela Fundação não-governamental B612, criada por astronautas americanos. A organização irá partilhar as informações recebidas do telescópio com a NASA que, por seu lado, concederá meios de comunicação espacial distante para manter o contato com o Sentinel.



(Voz da Rússia) O telescópio permitirá descobrir 90% dos asteroides próximos da Terra com uma dimensão superior a 140 metros, capazes de dizimar cidades inteiras se caírem no noso planeta. Segundo avaliações de astrônomos, há pelo menos 500 mil tais corpos no Sistema Solar. A título de comparação, no momento atual existem dados sobre apenas 10 mil de tais asteroides.

O Sentinel é um aparelho de infravermelhos, que reagirá mesmo a uma diferença ínfima de temperaturas entre a superfície do asteroide, aquecida um pouco pelo Sol, e o fundo geral do espaço, cuja temperatura é próxima do zero na escala de Kelvin.

Para melhorar o efeito, os sensores do aparelho serão esfriados para temperaturas criogênicas. O Sentinel irá voar numa órbita parecida com a de Vénus em redor do Sol.

A colocação do telescópio no espaço explica-se pelo fato de não podermos ver a partir da Terra os asteroides que chegam do lado do Sol, diz o chefe da Seção de Física de Sistemas Siderais da Academia de Ciências da Rússia, Oleg Malkov:

“Não podemos olhar para o Sol e zonas próximas através dos nossos telescópios, porque o efeito de luz é muito forte. Por isso, é melhor distanciar o telescópio o mais longe possível da Terra e olhar do outro lado. A órbita de Vénus é uma boa solução. Seria melhor se fosse escolhida uma órbita mais próxima ao Sol, por exemplo, a de Mercúrio, mas ela encontra-se mais longe da Terra, podendo surgir problemas de comunicação. Ao mesmo tempo, será difícil captar o aparelho devido à proximidade ao Sol”.

Os sistemas terrestres de aviso do perigo de asteroides, que atualmente se desenvolvem na Rússia e em outros países, não perderão sentido após o lançamento do Sentinel, aponta o chefe da Seção de Física e de Evolução de Estrelas do Instituto de Astronomia da Academia de Ciências da Rússia, Dmitri Vibe:

“Os instrumentos terrestres têm muitas faltas ligadas a limitações meteorológicas e horárias. Mas o desenvolvimento desta rede não é muito dispendioso e os telescópios terrestres podem ser permanentemente modernizados. Contudo, o telescópio espacial tem mais vantagens em comparação com a rede terrestre, mas seu custo é muito alto e não se pode organizar sua reparação. Por isso não se pode esperar efeito de uma só solução. É preferível utilizar tanto sistemas terrestres, como telescópios espaciais”.

A missão Sentinel permitirá aos cientistas criar um mapa dinâmico tridimensional da parte interna do Sistema Solar. Tal significa que os momentos de aproximação perigosa de asteroides à Terra serão previstos dezenas de anos antes da sua queda. A Humanidade terá suficiente tempo para elaborar uma operação para prevenir uma eventual colisão.

A Agência Espacial Europeia marcou para 2022 um ensaio de semelhante operação, visando intercetar um asteroide duplo chamado Dídimo. Uma peça cinética irá penetrar a uma grande velocidade na sua parte mais pequena. Posteriormente, o “satélite” irá puxar o asteroide como rebocador gravitacional.

O prazo de serviço do telescópio depende da vitalidade dos seus elementos mais vulneráveis – os giroscópios e aparelho criogênico, a ser construído segundo o princípio da máquina térmica

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