quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Telescópio montado em boeing estuda origem das estrelas



(Techtudo) Os cientistas têm várias teorias para explicar como nasce uma estrela, mas observar este fenômeno sempre foi complicado. Agora, um projeto da Alemanha e dos Estados Unidos criou um telescópio equipado em um Boeing 747 que está ajudando a elucidar este mistério.

O telescópio se chama SOFIA (Stratospheric Observatory for Infrared Astronomy – Observatório Estratosférico para Astronomia em Infravermelho) e foi desenvolvido durante 20 anos, com custos aproximados de US$1,27 bilhões (cerca de R$ 2,52 bilhões). Ele faz parte da maior pesquisa desenvolvida em cooperação entre os dois países atualmente.

O SOFIA foi montado em um Boing 747 que pode atingir 14 mil metros de altitude e possui um teto retrátil para que o telescópio possa funcionar. Isto foi feito porque um equipamento em terra não consegue ver a radiação infravermelha que chega do espaço, uma vez que esse tipo de onda é quase totalmente absorvida pelo vapor d’água na atmosfera.

A comunidade científica acredita que as estrelas nascem de nuvens de gás escuras que viajam pela galáxia. Estas nuvens possuem temperatura máxima aproximada de -250ºC e são um pouco mais quentes que o espaço, mas com densidade tão baixa quanto o vácuo. Elas têm o volume aproximadamente do tamanho do Oceano Pacífico e possuem apenas 1g de hidrogênio.

Os átomos de gás dispersados formam a matéria-prima que dá origem às estrelas, mas o processo leva séculos. O primeiro passo é quando pequenos grupos se formam nas nuvens, atraindo um ao outro e voando juntos em velocidades supersônicas. No final, a pressão é acumulada no centro, criando bolsões cada vez mais densos de gás e então começa a fusão termonuclear no núcleo de hidrogênio.

Esta teoria foi desenvolvida com a ajuda de modelos de computador, mas o processo nunca foi observado porque a nuvem de gases impede que a luz escape. E é neste ponto que surge o SOFIA, que consegue ver a radiação infravermelha que é emitida pelos gases.

O diretor da SOFIA Science Mission Operations, Hans Zinnecker, acredita que os esforços estão recompensando. “As primeiras imagens mostram as nuvens escuras como se estivessem em chamas, devido à intensidade do brilho no espectro infravermelho. Agora podemos recuperar um verdadeiro baú do tesouro em dados.”, explicou.

A expectativa é que o SOFIA continue em operação pelo menos até 2030. A única competição que o telescópio enfrenta no campo da astronomia em infravermelho está no Observatório Espacial Hershel da Agência Espacial Européia, mas esse deve ser desabilitado em alguns meses.

Os cientistas responsáveis pelo projeto esperam conseguir documentar a ignição de uma estrela nos próximos anos. “Medindo a radiação infra-vermelha, podemos observar como uma estrela rompe o casulo de dentro”, explica Zinnecker.

Nenhum comentário:

Postar um comentário