sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Empresa portuguesa desenvolve sistema de telescópio para satélite espanhol

(Diário Digital - Portugal) A empresa portuguesa Active Space Technologies conclui este mês o módulo do sistema de telescópio que desenvolveu para o "Satélite Español de Observación de la Tierra SEOSAT-INGENIO", que irá para o Espaço em 2014.

Na próxima semana será feita a entrega do módulo electrónico, e até ao final do mês o telescópio, que se encontra em fase final de montagem, revelou à agência Lusa Ricardo Patrício, responsável técnico da empresa.

Trata-se dos "STM -structural thermal model", protótipos idênticos aos modelos de voo, que vão ser «testados em condições bem mais extremas do que os modelos de voo sentem no lançamento (acelerações e vibrações) e nas condições extremas do espaço (radiação cósmica, vácuo, gradientes de temperaturas extremos)», explicou.

Esta fase antecede a construção dos modelos de voo, "FM - flight model", que resultam de uma encomenda do "Laboratorio de Ciencias de la Atmósfera y el Clima" (CIAC), de Espanha, para a sonda atmosférica UVAS (Ultraviolet and Visible Atmospheric Sounder).

O trabalho da Active Space Technologies incidiu sobre a UVAS, no módulo electrónico de controlo (Electronics Unit) e no telescópio.

«O telescópio é a parte activa, que vai varrer a atmosfera com um mecanismo de scanning, e vai fazer a leitura óptica que depois é interpretada no módulo electrónico de controlo», explicou Ricardo Patrício.

O satélite SEOSAT, que incorpora a sonda UVAS, tem por missão a captura de imagens de alta resolução da Península Ibérica, e monitorizará os gases na atmosfera que têm impacto na qualidade do ar, poluição, efeito estufa e degradação da camada de ozono.

«O instrumento irá permitir uma melhor compreensão dos gases-estufa e, em especial, permite a correlação das observações espaciais com os actuais modelos atmosféricos e de previsão meteorológica. A Active Space Technologies está responsável por todo o projecto mecânico, estrutural e térmico do instrumento, bem como pelo fabrico e entrega do instrumento em si», acrescentou.

Este trabalho começou a ser desenvolvido Dezembro de 2011 e, segundo Ricardo Patrício, «as maiores dificuldades prenderam-se precisamente com a multidisciplinaridade de competências» que um sistema destes exige.

«O projecto mecânico e electrónico, a selecção de materiais e tratamentos superficiais compatíveis com ambiente espacial (radiação cósmica, vácuo, gradientes de temperaturas extremos), controlo térmico, mecanismos e óptica» foram os principais desafios que tiveram de superar.

A Active Space Technologies foi fundada em Coimbra em 2004, por dois jovens que se conheceram num programa de formação avançada na Agência Espacial Europeia, na Holanda.

No primeiro ano a empresa facturou 15 mil euros, tendo encerrado o ano de 2011 com 400 mil euros.

As encomendas para o ano em curso mais do triplicaram já o valor de 2011.

Mais de 90 por cento das receitas provém de clientes europeus.
A empresa possui um centro técnico na Alemanha e uma representação comercial na Holanda.

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