terça-feira, 31 de julho de 2012

Supertelescópio no Atacama tentará desvendar segredos do universo

Procurar vida em outros planetas e observar a formação de estrelas será possível com o telescópio gigante que será construído no Deserto de Atacama, no Chile. A DW conversou com especialistas no Chile e na Alemanha.



(DW) Extremamente grande e extraordinariamente potente. Assim é o telescópio que o Observatório Europeu do Sul (ESO, na sigla em inglês) pretende construir no Deserto de Atacama no norte do Chile.
Com 39, 3 metros de diâmetro, o E-ELT (do inglês European Extremely Large Telescope) será o maior telescópio óptico-infravermelho do mundo. Com capacidade muito superior ao atual VLT (Very Large Telescope), trata-se do observatório ótico mais avançado do mundo, com oito metros de diâmetro. Como os especialistas da ESO dizem, este será o maior olho do mundo voltado para o céu.

O aparelho desperta grande expectativa entre os astrônomos porque viabilizará a captação de imagens muito mais nítidas e de melhor resolução, chegando a distâncias nunca antes alcançadas. As atividades científicas do E-ELT deverão começar no início da próxima década e as possibilidades que se abrem para a observação do universo podem ampliar o conhecimento sobre o tema.

"Se queremos ver objetos muito distantes, precisamos de um telescópio muito grande. Além disso, a nitidez depende do tamanho do telescópio", indica o astrônomo alemão Jochen Liske, especialista da ESO em Garching, na Alemanha.

Todos os campos da astronomia se beneficiarão com o E-ELT. Detalhes das galáxias e a formação das primeiras estrelas poderão ser estudados com este telescópio, "o que é fundamental para a compreensão do universo", destaca o italiano Massimo Tarenghi, diretor da ESO no Chile.

Existe vida extraterrestre?
O poderoso aparelho permitirá, por exemplo, observar individualmente planetas de tamanho similar ao da Terra, que também orbitam em torno de uma estrela. Também vai viabilizar a análise da composição das atmosferas desses planetas, verificando se há elementos que indiquem a existência de vida.

"Esperamos estar em condições de acompanhar exoplanetas [planetas de outros sistemas solares], estudar e ver se há vida neles. Pela primeira vez podemos demonstrar se há vida extraterrestre", explica Liske. "Pela primeira vez temos a capacidade de mostrar se há vida no universo. E isso é uma revolução enorme", acrescenta Tarenghi.

Os melhores céus do mundo
O começo do programa do E-ELT só depende da confirmação dos governos de quatro países. O local de instalação do aparelho já está decidido. Será no Cerro Amazones, a 20 quilômetros do Observatório Paranal da ESO, a 130 quilômetros ao sul da cidade de Antofagasta, no Deserto de Atacama, o mais árido do mundo. A uma altitude de aproximadamente 3 mil metros, Amazones oferece condições insuperáveis para a observação porque permanece desocupado quase todo o ano.

"Amazones é um local excelente e o testamos por vários anos. É muito seco, a uma boa altitude, apresenta uma atmosfera muito limpa e poucas turbulências. Além de não ter nuvens, não há poluição luminosa porque está longe das grandes cidades", indica Liske.

Com um custo estimado de 1 bilhão de euros, o projeto recebe o impulso em um momento especialmente crítico da economia europeia e mundial. As próximas tarefas incluem o desenho da rota, a preparação da via de acesso ao pico do Cerro Amazones e a aprovação dos primeiros contratos industriais para o E-ELT. As atividades de pesquisa devem começar no início da próxima década. "Daqui a 10 anos, poderemos observar o universo em sua totalidade", informa Tarenghi.

Impulso à astronomia
A instalação do telescópio é uma grande oportunidade para o Chile. Não somente pelo benefício econômico de um investimento desta magnitude, mas também pela chegada de especialistas que transmitem seus conhecimentos e as possibilidades de trabalho e formação para cientistas e especialistas locais. Também porque, como ocorre com outros observatórios instalados no país, o Chile tem o direito a 10% do tempo de observação.

"É uma escola e um grande benefício para a astronomia. É muito, comparado com o tempo disponível para os países-membros, como a Alemanha, que não tem tempo garantido", explica Tarenghi. "Quando falamos do maior telescópio do mundo, a probabilidade de fazer grandes descobrimentos e inclusive ganhar um prêmio Nobel é muito grande", conclui.

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