quarta-feira, 14 de março de 2012

A ESA pretende mapear 1 bilhão de objetos na Via Láctea com câmera de bilhões de pixels


Wires/Jornal Ciência) A Agência Espacial Europeia, através da missão Gaia, agendou para o próximo ao o objetivo de mapear as posições paralaxes e movimentos em torno de um bilhão de objetos na Via Láctea.

Para algo tão grandioso será necessário uma câmera com bilhões de pixels com 2,5 vezes a quantidade de sensores do Telescópio Especial Kepler, da NASA, criada pela empresa britânica E2V de tecnologia especializada.

A E2V cria sensores especializados para a NASA e ESA desde o início de 1990, no entanto, é a primeira vez que a empresa terá o desafio de construir na missão Gaia um número tão grande de sensores.

Cada sensor produzido ela E2V terá 1.966 X 4.500 pixels e medidas de 4,7 X 6 cm, sendo mais finos que um fio de cabelo humano. A empresa estima colocar 106 sensores dispostos em um mosaico que pode variar de 0,5 a 1 metro formando a câmera de bilhões de pixels.

Os sensores são sensíveis a freqüências de luz através de todo o espectro ( a partir de 400nm a 1000nm), com estruturas especiais para maximizar as extremidades azuis e vermelhas. Os pixels utilizados nos sensores são de 10 e 20 mícrons em tamanho, em comparação com os pixels de um sub-mícron utilizados na tecnologia dos consumidores domésticos. Isso significa que eles são 100 vezes mais sensíveis, de acordo com Jon Kemp, do que seus aparelhos eletrônicos que você tem em casa.

Os sensores serão utilizados para controlar as posições de cerca de 1 bilhão de estrelas no espaço, traçando seu brilho e rastreando seus movimentos. Isso ainda é 1% apenas das estrelas da Via Láctea, mas é 1.000 vezes mais do que os telescópios do satélite Hipparcos da ESA consegue observar.

Os sensores serão capazes de detectar objetos 4.000 vezes o limite do olho nu com precisão de 24 microssegundos de arco. Isso é comparável a medição do diâmetro de um fio de cabelo humano se estivesse a 1.000 km de distância. Isso significa que a nova câmera será capaz de medir as distâncias de nossas estrelas mais próximas com uma precisão de 0,001%.

Os dados são susceptíveis em nos ajudar a entender melhor as origens da nossa galáxia, bem como confirmar nossas teorias de formação e evolução estelar. Gaia será capaz de identificar quais as estrelas são relíquias de galáxias menores que foram engolidas há muito tempo pela Via Láctea. Ao olhar para o movimento de estrelas em larga escala, seremos capazes de detectar a distribuição da matéria escura, a substância hipotética que acreditamos ser a responsável por “segurar” as galáxias juntas.

Gaia também conseguirá medir a curvatura da luz das estrelas pelo campo gravitacional do Sol, como previsto por Einstein em sua Teoria da Relatividade Geral. É provável que também encontremos exoplanetas muito mais distantes que a missão Kepler da NASA.
Os dados serão transmitidos para a Terra com uma taxa de 5 Mbps a partir de uma distância de 1,5 milhão de km. Estações terrestres na Espanha e Austrália irão interceptar o sinal:

“Muitas missões espaciais anteriores seguram os dados e depois enviam em rajadas curtas. No entanto, Gaia não poderá ter o luxo de guardar informações, e todos os dados gerados terão que ser transmitidos constantemente para a Terra”, explica Kemp.

O satélite Gaia será lançado no verão de 2013, irá viajar 1,5 milhão de km da Terra e, sem seguida, começar a coletar dados à medida estiver girando. Ele irá acompanhar cada uma das suas estrelas-alvo durante um período contínuo de 5 anos.

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