terça-feira, 2 de março de 2010

ESA seleciona três missões científicas para o futuro

Muito escuro e muito claro
(Inovação Tecnológica) Energia escura, planetas habitáveis que giram em volta de outras estrelas e a natureza misteriosa do nosso Sol foram os assuntos escolhidos pela Agência Espacial Europeia (ESA) como candidatos para missões espaciais que deverão ser lançadas depois de 2017.

As três missões passam agora à chamada fase de definição. Este é o estágio anterior à decisão final, que estabelecerá quais missões serão de fato implementadas. A expectativa é que pelo menos duas delas recebam o aval final para o início da construção das sondas espaciais e o agendamento do lançamento.

As três propostas pré-selecionadas são Euclid, Plato (PLAnetary Transits and Oscillations of stars) e Solar Orbiter.

O tema básico da missão Euclid é "Como o universo se originou e do que ele é feito?" [Imagem: ESA]

Como o Universo surgiu
O Euclid tentará responder a questões chave para a física fundamental e a cosmologia. Seu tema básico é "Como o universo se originou e do que ele é feito?"

A busca pela resposta passará principalmente pelo estudo da natureza das misteriosas energia escura e matéria escura.

Os astrônomos estão cada vez mais convencidos de que essas substâncias desconhecidas dominam nosso Universo. A sonda espacial Euclid pretende mapear a distribuição das galáxias com o objetivo de descobrir essa arquitetura "escura" do nosso Universo.

Para isso, a missão planeja fazer um mapa de todo o céu, usando telescópios na faixa do visível e do infravermelho próximo.

O observatório Plato terá nada menos do que 28 telescópios, cada um com uma abertura de 25 graus. [Imagem: ESA]

Platão
A missão Plato irá debruçar-se sobre uma das áreas mais fervilhantes das pesquisas astronômicas da atualidade: os planetas extrassolares.

De meras especulações há poucos anos, a descoberta de um número crescente de planetas que orbitam outras estrelas está demonstrando que de fato ainda não conhecemos bem o nosso lugar no Universo.

Alguns pesquisadores afirmam que a vida fora da Terra pode estar nas luas desses planetas extrassolares, enquanto outros já apontam para a necessidade de prestarmos atenção em formas exóticas de vida no espaço, muito diferentes do nosso padrão baseado em carbono.

Apesar disso, a missão Plato vai focar sua pesquisas em exoplanetas orbitando suas estrelas a uma distância que permita a existência de vida nos padrões encontrados na superfície da Terra. Além disso, a sonda PLATO estudará o interior das estrelas, detectando as ondas gasosas que saem das suas superfícies.

Em comparação com as missões atuais com o mesmo objetivo, o observatório será capaz de determinar o raio e a massa dos exoplanetas com uma precisão de 1%.

O Solar Orbiter chegará o mais próximo do Sol que a tecnologia atual permite. [Imagem: ESA]

Orbitador solar
O Solar Orbiter chegará o mais próximo do Sol que a tecnologia atual permite, ficando a apenas 62 raios solares de sua superfície.

O observatório fornecerá imagens e dados das regiões polares do Sol e do lado solar mais distante, invisível da Terra, cuja maior parte pela primeira vez está sendo acessível através da sonda solar SDO, da NASA.

A extrema proximidade com a nossa estrela permitirá que a sonda utilize técnicas mais precisas de sensoriamento remoto. Os cientistas afirmam que, se construído, seu telescópio os levará tão perto do Sol que se tratará praticamente de medições in situ.

Com isto, eles pretendem desvendar o funcionamento do dínamo solar e estudar as ligações que existem entre a superfície do Sol, a corona e a heliosfera interna.

Seleção espacial
Estas três missões são as finalistas de uma competição que incluiu 52 propostas avançadas, enviadas por diversos grupos de cientistas à ESA em 2007. Em 2008 restavam apenas seis propostas, que foram enviadas para avaliação da viabilidade industrial de sua construção.

"Foi um processo muito difícil. Todas as missões continham temas científicos muito importantes," disse Lennart Nordh, chefe do comitê científico da ESA, ao anunciar o resultado.

E as decisões difíceis ainda não terminaram, já que apenas duas dessas três candidatas deverão ser selecionadas para o lançamento, principalmente porque o principal constrangimento é orçamentário.

As três missões apresentam desafios que terão de ser resolvidos na fase de definição. A decisão final acerca de quais serão implementadas será tomada em meados de 2011.

O SPICA estará focado nas condições necessárias para a formação de planetas e de galáxias. [Imagem: ESA]

Telescópio Spica
A ESA anunciou também que deverá participar do projeto do telescópio japonês Spica, um telescópio espacial de infravermelho, a ser construído sob a coordenação da Agência Espacial Japonesa (JAXA) com um conjunto de parceiros internacionais.

O Spica deverá fornecer os dados que faltam na gama do infravermelho, numa região do espectro entre a observada pelo futuro telescópio James Webb, uma parceria da ESA e da NASA e a observada pelo telescópio terrestre ALMA.

O SPICA estará focado nas condições necessárias para a formação de planetas e de galáxias novas distantes. Apesar de várias conjecturas e hipóteses, até hoje a ciência não tem uma teoria sólida que explique o mecanismo da formação dos planetas e das estrelas.

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