segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Observatório Nacional ganha novo heliômetro

Imagem durante a instalação do heliômetro no ON, em dezembro de 2008.

(Scientific American Brasil) O Sol hoje faz parte de uma área de estudos tão ampla quanto as demais áreas da astronomia juntas, e a quantidade de pesquisas sobre o assunto não para de crescer. O Observatório Nacional (ON) possui uma das séries históricas mais antigas do mundo de observação do Sol, desde 1977. Por esse motivo, a instituição é uma das organizadoras do Simpósio Impacto da Variabilidade Estelar e Solar na Terra e Planetas, que começa nesta segunda-feira, dia 3, e vai até sexta-feira, dia 7, na Assembléia-Geral da International Astronomical Union (IAU), no Rio de Janeiro.

A astrônoma Jucira Penna é uma das remanescentes da equipe que iniciou esse trabalho no ON. Ela participa do Girasol (Grupo de Instrumentação e Referência em Astronomia Solar), que reúne os atuais pesquisadores do ON envolvidos no projeto. Segundo Jucira, a série começou quando boa parte da comunidade científica ainda duvidava da variação do diâmetro solar. As variações na fotosfera, o diâmetro que pode ser visto a olho nu, são o foco da pesquisa do grupo.

Em 2002, um quarto de século depois, a instituição foi convidada para ser cofundadora da Rede Internacional de Monitoramento do Diâmetro Solar, formada por pesquisadores da França, da Espanha, da Turquia e da Argélia. As observações do Sol são as únicas que ainda são feitas no ON.

Existem outros grupos de pesquisa, inclusive no Brasil, que acompanham o Sol com outros objetivos, como as observações em frequências de rádio. No entanto, a fotosfera é a principal responsável por quase todas (cerca de 99%) as informações que coletamos do Sol. É nela, por exemplo, que ocorrem as manchas solares.

O projeto tem aplicações no estudo do clima espacial, que produz efeitos nas telecomunicações, redes transmissão de energia, vazão de rios e mudanças climáticas em grande escala, como explica Victor D'Ávila, outro integrante do Girasol.

A partir de sexta-feira, dia 7, as observações do Sol ganharão um novo instrumento desenvolvido pelo próprio Girasol especificamente para esse fim. O novo heliômetro, que será inaugurado no encerramento do simpósio da IAU, é o mais moderno no mundo. Semiautomático, o instrumento deverá funcionar continuamente, sempre que o céu permitir.

Os pesquisadores esperam que, com o número de imagens registradas passando das atuais 1.800 por dia para 8.000 por hora, com qualidade superior, seja possível medir as variações do diâmetro solar com precisão jamais obtida. Coordenadora do Comitê Nacional de organização da IAU, a astrofísica, Daniela Lazzaro explica que o objetivo da Assembléia-Geral é congregar o maior número de pesquisadores de todas as áreas da astronomia para discutir temas de ponta nas diversas especialidades: “Além das palestras e debates, vamos tomar decisões sobre nomenclatura, constantes e definições a serem adotadas.”

Um exemplo desse trabalho foi a decisão tomada há três anos, na última Assembléia-Geral da IAU, de excluir Plutão do grupo de planetas do Sistema Solar. Além da astronomia solar, outro destaque deste ano serão as discussões sobre a existência de água fora da Terra.

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